@crsf

Por que controlar a hipertensão e a diabetes ainda é um desafio?

Por que controlar a hipertensão e a diabetes ainda é um desafio?

pesar dos avanços da medicina e do maior acesso à informação, o controle da hipertensão arterial e do diabetes mellitus continua sendo um dos maiores desafios em saúde pública no Brasil e no mundo. Estima-se que milhões de brasileiros convivem com essas doenças crônicas, muitas vezes sem diagnóstico ou com tratamento inadequado, o que pode levar a complicações graves e até fatais.

A hipertensão e o diabetes tipo 2 são condições silenciosas na maior parte do tempo. Seus sintomas podem passar despercebidos até que surjam danos irreversíveis aos órgãos, como rins, coração, olhos e cérebro. Esse caráter assintomático contribui para a baixa adesão ao tratamento, já que muitos pacientes só se preocupam com a doença quando ela já causou algum prejuízo importante à saúde.

Outro fator determinante é o estilo de vida moderno. O sedentarismo, a alimentação rica em sódio, açúcares e ultraprocessados, o estresse crônico e a privação de sono têm papel central no desenvolvimento e na descompensação dessas doenças. Mesmo quando há orientação médica, muitos pacientes enfrentam dificuldades para promover mudanças sustentáveis em seus hábitos, seja por questões socioeconômicas, emocionais ou de acesso a serviços de saúde.

Além disso, o tratamento medicamentoso muitas vezes exige disciplina rigorosa. No caso do diabetes, por exemplo, é fundamental monitorar frequentemente a glicemia, ajustar doses, manter alimentação equilibrada e, em alguns casos, aplicar insulina mais de uma vez ao dia. Já a hipertensão pode demandar o uso contínuo de uma ou mais medicações, com controle periódico da pressão arterial. Quando o paciente não adere corretamente ao tratamento, as chances de complicações aumentam significativamente.

A atuação de uma equipe multidisciplinar pode fazer toda a diferença no controle dessas doenças. O acompanhamento regular com endocrinologista, cardiologista, nutricionista, educador físico e psicólogo, por exemplo, permite um olhar integral sobre o paciente, com planos terapêuticos mais ajustados à sua realidade.

Como médica endocrinologista, tenho presenciado diariamente os desafios enfrentados por quem vive com diabetes ou hipertensão. Mas também vejo histórias de superação, quando o paciente é acolhido, orientado e compreende que o tratamento não é apenas sobre remédios, mas sobre cuidado contínuo e qualidade de vida.

Conscientizar a população, ampliar o acesso a exames de rotina e fortalecer as políticas de prevenção são caminhos essenciais para mudar esse cenário. É preciso lembrar que controlar essas doenças não é apenas possível — é necessário. E, mais do que isso, é um compromisso com a vida.

Dra. Mariana Ramos é endocrinologista na Fetal Care, em Cuiabá-MT

Faça um comentário // Expresse sua opinião...

Veja os últimos Comentários

Veja também

SOLIDARIEDADE E ESTILO Bazar Vem SER Mais Solidário começa na segunda-feira (4) com desfile e peças a partir de R$ 30

SOLIDARIEDADE E ESTILO Bazar Vem SER Mais Solidári...

Com preços a partir de R$ 30, o bazar oferecerá uma grande variedade de itens - Foto por: Jana Pessôa

 

<...

‘Lula pode falar comigo quando quiser’, diz Trump sobre tarifaço

‘Lula pode falar comigo quando quiser’, diz Trump...

ASSISTÊNCIA SOCIAL Etapa Mato Grosso do “FNAS Pelo Brasil” fortalece diálogo entre estados e municípios

ASSISTÊNCIA SOCIAL Etapa Mato Grosso do “FNAS Pelo...

Etapa Mato Grosso do FNAS Pelo Brasil - Foto por: Junior Silgueiro

 

A Secretaria de Estado de Assistência Social e...